Confira o que aconteceu no mercado na última semana (06/07 a 10/07) e quais são as perspectivas futuras
Com a alta de 5% neste começo de mês o Ibovespa chegou na máxima da semana na marca de 100 mil pontos e acredito que até para o mais otimista com o mercado, aquele que comprou na região de 70/75 mil pontos, sem dúvida é um feito surpreendente.
Por trás deste otimismo, qual intitulo como um ajuste de expectativa, está a recuperação em “V” da economia.
Em termos conceituais, uma esse é uma recuperação mais vigorosa e rápida após uma queda brusca dos indicadores econômicos, algo como ocorreu em 2008/2009, quando o Brasil (e o mundo) afundou na crise financeira e 6 meses depois iniciou uma trajetória de recuperação até chegar em 2010.
Para ilustrar melhor uma recuperação em “V” observe esses indicadores econômicos dos EUA, Zona do Euro e Brasil:






Essa recuperação vigorosa sem dúvida pegou muita gente de surpresa e como consequência o debate sobre a recuperação em “V” voltou à pauta, motivando revisões positivas para as projeções de crescimento global, ao mesmo tempo em que sustentou o ambiente pró-risco nos últimos meses, em especial em junho.
Mas se tudo estava ruindo e o apocalipse estava programado, como os indicadores econômicos poderiam se recuperar tão rápido? A resposta está nos estímulos monetários.
Nunca se proveu tanta liquidez (muito mais que em 2008) para aos mercados financeiros e para a economia real através de programas de renda, afrouxamento monetário e suas variáveis de política monetária expansionista.
Esse verdadeiro colchão de dinheiro amorteceu a queda e muitos dos céticos esqueceram de colocar na conta esse efeito poderoso na economia e focaram apenas no lado perverso do COVID-19. Agora, com as expectativas sendo ajustadas e sem os exageros, vale a pergunta: esse efeito monetário é sustentável até quanto? Quais serão os efeitos subsequentes quando retirada essa bateria de estímulos?
Por enquanto é muito cedo de tirar alguma conclusão, mas de imediato é possível imaginar que não há muito upside para capturar com esse movimento de “desmame da economia”. Acredito que novos estímulos dependerão de uma piora significativa da economia, o que não parece o caso nas condições de hoje.
Em teoria, conforme essas medidas fiscais vão vencendo, o que restará será uma economia com o setor corporativo bastante endividado, taxa de desemprego elevada e a poupança familiar em baixa, sem falar do fiscal comprometido de todas as formas possíveis.
Obviamente, como não duvidei dos efeitos das políticas monetárias/fiscais em meio a pandemia, não posso duvidar da sua força nesse momento, mas me parece um pouco tarde (30 mil pontos tarde exatamente) aos 100 mil pontos/topo de março para se ligar nisso e sair comprando a qualquer preço. Assim sigo esperando uma correção mais forte (ou um choque de realidade) para voltar encher o carrinho.
