Uma das principais vantagens investir em BDRs é a facilidade de investir em ativos com cotas listadas no exterior.
A B3 e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciaram a flexibilização das regras relacionadas a BDRs – Brazilian Depositary Receipts.
Os BDRs são certificados de depósito de valores mobiliários. Eles são títulos emitidos no Brasil, mas que representam outro valor mobiliário no exterior. Portanto, ao investir em BDRs você assumirá a posição similar caso fizesse o investimento nos mesmos ativos que eles representam.
As novas regras, que entrarão em vigor a partir de setembro, facilitam o acesso aos BDRs para os investidores. O novo projeto traz benefícios para o mercado de capitais e para o investidor brasileiro.
Entenda o que é BDR, como ele funciona e o que mudou para investir nesse tipo de título.
O que é BDR?
BDR é a abreviação de Brazilian Depositary Receipts que são certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países, mas que são negociadas no Brasil. Ou seja, ao investir em BDR você não compra a ação da empresa no exterior diretamente. Você investe em títulos que representam esses papéis.
Essas ações existem no mercado externo, mas precisam ficar depositadas e bloqueadas em uma instituição financeira. A essa instituição chamamos de custodiante, pois ela faz a guarda das ações.
Existe também uma instituição financeira que assegura o bom funcionamento de todo esse sistema. Ela é responsável por emitir os BDRs aqui no Brasil. A essa instituição chamamos de depositária.
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Funcionamento dos BDRs
Assim como ações, os BDRs são negociados na B3. Para isso acontecer, a instituição depositária precisa comprar as ações da empresa no exterior. Por sua vez, essas ações ficam depositadas na conta de uma instituição custodiante.
Após isso, a instituição depositária registra um programa de distribuição de BDRs na CVM. Só assim poderá emitir os recibos no Brasil.
Tipos de BDR
Os BDRs podem ser divididos em dois grandes grupos de acordo com a forma como são trazidos para serem negociados no mercado brasileiro: os patrocinados e os não patrocinados.
BDRs Patrocinados
Os BDRs patrocinados são aqueles em que a empresa emissora das ações participa do programa. Ela mesma contrata a instituição depositária, pois é de seu interesse participar do mercado brasileiro e ter investidores no país. Ou seja, ela por opção própria quer lançar BDRs no Brasil.
Esse tipo é subdividido em três níveis, separados de acordo com o tipo de distribuição e o volume de informações obrigatórias que devem ser disponibilizadas sobre as empresas emissoras.
Nível I
Esse tipo de BDR não precisa de registro de companhia na CVM. Porém, só podem ser negociados em mercados de balcão não organizado ou ainda em segmentos criados especificamente para esse tipo de papel.
Esse tipo de oferta costuma ser menos burocrático e mais simples, porém apenas 50 investidores podem comprar os papéis. Se a distribuição for feita em oferta pública, precisa ser de “esforços restritos”.
Níveis II e III
Para esses dois tipos a empresa emissora dos títulos precisa obter o registro na CVM. Além disso, as ações podem ser negociadas no pregão da Bolsa ou em balcão organizado.
As empresas emissoras desses títulos devem seguir as mesmas regras de transparência e governança estabelecidas para empresas brasileiras registradas na CVM na Categoria A – que é a categoria onde se encaixa a maioria das empresas mais conhecidas das Bolsa.
A principal diferença entre os tipos II e III é:
- BDRs do Nível II só podem ser alvo de ofertas públicas se for com esforços restritos;
- BDRs do Nível III as ofertas podem ser restritas ou amplas.
BDRs Não Patrocinados
Os BDRs não patrocinados não tem a iniciativa de serem lançados por parte da empresa emissora dos títulos, mas sim da própria instituição depositária. A maioria dos BDRs existentes no mercado brasileiro são desse tipo.
Portanto, não existe necessariamente um acordo com a companhia emissora dos títulos. A instituição depositária oferece esses BDRs para diversificar as opções de investimento para seus clientes.
O que muda a partir de outubro/2020
Atualmente, já existem mais de 10 mil investidores atuando nesse mercado. Mas a expectativa é de que esse número aumente ainda mais, já que as regras para investir em BDRs vão mudar a partir de setembro.
Segundo as novas normas, qualquer investidor poderá investir em BDRs Não Patrocinados – que antes eram restritos apenas para investidores qualificados. Ou seja, agora qualquer investidor interessado nos títulos, poderão incluí-los em sua carteira e contar com essa alternativa para diversificar os investimentos.
Com a nova regra, o investidor brasileiro contará com mais de 670 BDRs listados do mundo todo disponíveis para investir. E será possível investir em um padrão de negociação menor: investir em 1 BDR e não em 10, como era antes.Isso garantirá mais liquidez ao mercado e maior acesso aos investidores.
Vantagens de investir em BDRs
Uma das principais vantagens de alocar seu capital nesses títulos é a facilidade de investir em ativos com cotas listadas no exterior. Diferente de investir em ações listadas em mercados internacionais, processo no qual é preciso abrir conta em uma corretora estrangeira e fazer uma remessa internacional, investir em BDRs é muito simples e prático. Você consegue investir pela sua corretora brasileira, geralmente pelo mesmo sistema onde investe em ações.
Além disso, o investimento é feito em reais embora as ações de origem possam ser cotadas em outras moedas. Ou seja, você também não precisará se preocupar com taxas extras de transferência de recursos e troca de moeda.
E investir em títulos internacionais é uma ótima opção para diversificar sua carteira. Isso pois existem ótimas oportunidades de investimentos no mercado internacional. Por exemplo, a Bolsa Americana se recuperou muito mais rápido da crise do coronavírus do que a Bolsa Brasileira, e em setembro de 2020 a Nasdaq e S&P 500 renovaram suas máximas históricas. Além disso, as grandes e conhecidas empresas como Google, Apple e Amazon estão listadas na bolsa americana e podem trazer bons retornos.
Portanto, os BDRs são uma forma simples para diversificar seus investimentos em papeis internacionais.
Quais são os riscos de investir em BDRs?
Vale lembrar que, como todos os investimentos de renda variável, investir em BDRs implica em riscos. Esses títulos, como as ações, têm alta volatilidade. Ou seja, seus preços mudam de acordo com diversos fatores externos e não são previsíveis.
Portanto, não são todos os tipos de investidores que podem investir em BDRs. Esse tipo de investimento é indicado para o investidor arrojado, que tem mais tolerância ao risco.
Além disso, assim como investir em ações, investir em BDRs exige que o investidor dedique um tempo para estudar sobre a empresa em que está alocando seu dinheiro. O ponto que pode dificultar o processo nesse caso é que muitas dessas empresas disponibilizam os materiais apenas em outros idiomas, já que não são empresas brasileiras.
Custos e tributação
Para investir em BDRs deve-se pagar algumas taxas:
- Taxa de corretagem;
- Emolumentos devidos à B3
- Taxa de custódia
Em relação ao Imposto de Renda (IR) a tributação é de
15% sobre o ganho obtido na negociação de compra e venda.
Se houver distribuição de proventos pela empresa em seu país de origem, eles serão repassados aos investidores aqui no Brasil, mas seguindo as regras de tributação de lucros específicas de cada local.
A CVM ainda vai formalizar as informações e datas sobre as novas normas sobre os BDRs. Mas o mercado está ficando cada vez mais flexível e acessível a diferentes tipos de investidores.