Destaque do mês
Cenário Brasil
O cenário está agitado para ativos pagadores de rendimentos no Brasil: de um lado temos a crise hídrica e do outro a proposta de reforma tributária.
O baixo nível dos reservatórios de água tem impacto negativo no setor de energia, que é historicamente um dos principais pagadores de dividendos. As empresas mais afetadas são as geradoras que dependem de fonte hídrica: com menos energia hidrelétrica sendo gerada, o resultado é impactado negativamente. Logo, pode haver menos lucro para ser distribuído.
A crise hídrica fez com que a Aneel (órgão regulador do setor) tomasse medidas para evitar o racionamento de água ou energia, como o aumento de 52% da bandeira tarifária vermelha a partir de julho. O aumento do preço da energia tende a reduzir o consumo, o que pode impactar as distribuidoras de energia. Com a diminuição do volume de energia vendido pode haver uma redução na receita. Para os próximos meses a Aneel deixou aberta a possibilidade de novos aumentos.
No final de junho também foi apresentada a 2a fase da Reforma tributária, com impactos negativos para ativos que distribuem proventos. Foi proposto a (i) tributação de dividendos em 20%, (ii) a eliminação dos Juros sobre Capital Próprio e o (iii) fim da isenção dos rendimentos pagos por Fundos Imobiliários (FIIs). Os ativos reagiram negativamente desde que a proposta foi divulgada, mas vale lembrar que ainda é um projeto de lei e há espaço para negociação até a versão fina ser aprovada.
Esses são alguns dos principais pontos para o investidor que busca colher rendimentos ter no radar, podemos ter atualizações ao longo de julho e consequente reação dos ativos. Colocando a lupa nos fundos imobiliários, segundo a Reforma, os dividendos só seriam tributados a partir de 2022 e foi proposto também a redução do imposto sobre o lucro na venda das cotas, que cairia de 20% para 15%. Essa mudança na lei, somada ao momento de queda do preço dos papéis, é positiva para os ativos descontados, ou seja, aqueles que tem maior potencial de valorização do valor da cota.
Alterações
Estamos realizando a seguinte troca na carteira:
BTG Pactual Logística está sendo negociado com um pequeno ágio em cima do seu valor patrimonial, enquanto o Bresco é avaliado com desconto frente um portfólio robusto, composto por ativos premium. A troca dos ativos envolve uma estratégia de capturar uma oportunidade de mercado mantendo exposição em ativos consolidados. Em momentos de indefinição a escolha por papéis com qualidade tem se mostrado estratégico.
Comparativo de Rentabilidade da Carteira com benchmark
Sobre os ativos
Ativos
BRCO11
O Bresco Logística é um fundo com um portfólio de ativos de alta qualidade e bem localizados (principalmente próximos na cidade de São Paulo), composto por 11 propriedades que somam 446 mil m2 de ABL. 71% desses imóveis são propriedades consideradas last mile. Em geral, os imóveis do fundo são de alto padrão construtivo, possuem elevada taxa de ocupação (94,1%) e seus contratos são majoritariamente atípicos (59%), o que traz maior segurança em períodos de incertezas.
A maior parte (56,5%) dos vencimentos está concentrada a partir de 2025. Ainda, o fundo possui inquilinos com baixo risco de inadimplência e com alta exposição ao e-commerce destaque para o Mercado Livre e Magazine Luiza, além de outros grandes players globais. Assim, após a performance negativa de -15,1% no ano e -5,0% no mês de junho, acreditamos que o fundo está negociando em patamares atrativos ao considerar a qualidade do seu portfólio e em relação à sua média histórica.
BRAP4
A Bradespar é uma holding que surgiu a partir da cisão do Banco Bradesco no ano 2000. A prioridade da Bradespar é a participação em empresas líderes de segmentos maduros da economia, que apresentem taxas de retorno consistentes e de longo prazo. Atualmente, o portfólio da companhia é composto apenas pela Vale, com a holding detendo 5,7% do seu capital.
Esse perfil de investimento traz previsibilidade para o fluxo de caixa da empresa, o que favorece o pagamento de dividendos. Adicionalmente, o cenário atual em que o minério de ferro se vem se mantendo a preços historicamente elevados (acima dos USD200/ton) contribui para a perspectiva de geração de caixa da Vale, que deve refletir na distribuição de dividendos também pela holding.
VIVT3
A Telefônica Brasil S.A., detentora da marca Vivo, é uma das maiores empresa de telecomunicações do país. O controlador é o Grupo Telefónica, um dos maiores conglomerados de telecomunicações do mundo, com presença em 14 países da Europa e América Latina. A operação da empresa consiste em: serviços de voz (fixos e móveis), dados móveis, banda larga fixa, ultra banda larga, TV por assinatura e serviços digitais (como, por exemplo, serviços financeiros e de nuvem).
A Companhia é uma empresa consolidada no mercado e que está migrando suas linhas de negócio para novas tecnologias. Nesse ponto, é possível ver alguma oscilação nos resultados trimestrais ao longo dos próximos períodos, mas entendemos a Telefônica como uma empresa sólida, líder no seu segmento e com forte capacidade de geração de caixa e distribuição de dividendos.
1 Preço do momento que o papel entrou na carteira, olhando sempre o fechamento do ultimo dia do mês quando incluímos o a recomendação. 2 Retorno desde que o ativo entrou na carteira com base no fechamento de 30/06/2021, fonte: Economática.
3 Dividend Yield 12m
Cálculo para FII = (último dividendo * 12)/ preço da cota. Fonte: Economática
Cálculo para ação = dividendos dos últimos 12 meses / preço inicial da ação (cotação de 12m atrás). Fonte: Economática
TAEE11
A TAESA é um dos maiores grupos privados de transmissão de energia elétrica do Brasil. Esse segmento possuí elevada previsibilidade devido à sua estrutura de receitas fixas, o que permite o pagamento de atrativos dividendos.
De acordo com o Estatuto Social da Companhia, o dividendo anual mínimo distribuído é de 50% do lucro líquido ajustado do exercício. Entretanto, a companhia tem apresentado um histórico de pagamento de bem acima da remuneração mínima que consta em seu Estatuto. Vemos a posição de caixa da Taesa como confortável para manter uma distribuição interessante de lucros em 2021.
XPCI11
O XP Crédito Imobiliário FII (XPCI11) tem como objetivo auferir ganhos pela aplicação de seus recursos em ativos financeiros com lastro imobiliário, tais como CRI, Debênture, LCI, LH e cotas de FIIs. O Fundo possui portfólio composto de CRIs com alta qualidade, com foco em originação e estruturação próprias. Em geral, o portfólio do fundo apresenta baixo risco de crédito. Adicionalmente, o portfólio está atualmente alocado em 86,7% na estratégia core, 13,1% em FIIs e 0,2% em caixa. Além disso, apresenta baixo risco dado sua diversificação setorial, 32,1% em Crédito Corporativo, 28,1% Residencial e 39,8% Comercial.
Atualmente a carteira possui exposição tanto em índices de inflação (71,3% do portfólio) e CDI (28,8% do portfólio), locatários com risco de crédito saudável e estrutura de garantias sólidas com ativos bem localizados. Além disso, o fundo vem distribuindo dividendos em patamares atraentes na relação risco- retorno. O último dividendo distribuído foi de R$1,00/cota, o que implica em um dividend yield anualizado de 12% em 2021.
DISCLAIMER INFORMAÇÕES IMPORTANTES
Analistas:
Roberto Indech – CNPI: 1426 Pietra Guerra – CNPI: 2531
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