Destaque do mês
Cenário Global
A preocupação com a inflação voltou ao centro dos debates globais ao longo de maio. Diversos indicadores seguem apontando para uma aceleração da subida de preços. O mais recente deles, o PCE Americano (índice de preços do consumo, monitorado pelo Banco Central dos EUA para a tomada de decisão de juros) foi divulgado na sexta-feira (28/05) e apontou para uma alta de 3,1% dos preços, acima da meta de 2% do FED (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA).
Essa alta na inflação acelera a expectativa de subida de juros pelos Bancos Centrais, afinal uma das formas de conter o aumento do preço é subir os juros e reduzir o poder de compra da população. A expectativa da alta mais acelerada dos juros pressiona em especial as ações ligadas a tecnologia, que tem grande parte do seu valor no longuíssimo prazo (a famosa perpetuidade, como dizem os analistas). Logo, a expectativa do dinheiro estar “mais caro” no futuro tende a pressionar o valor dessas ações, que dependerão de captar recurso em um cenário de juros mais elevados.
Outro ponto que chamou a atenção no mês e contribuiu para a aceleração da inflação foi o aumento do preço das commodities. O petróleo próximo dos USD70/barril e o minério de ferro, que teve grande oscilação em maio respondendo as medidas tomadas pelo Governo Chinês contra a especulação do ativo, fechou o mês novamente próximo aos USD200/tonelada. Esses são níveis de preço historicamente altos para ambas as commodities, o que pressiona a inflação.
Cenário Brasil
A preocupação com a inflação também aparece no Brasil. O IPCA (índice oficial da inflação no país, que mede o preço de produtos e serviços ao consumidor) se aproxima dos 7% a.a., enquanto o IGP-M (índice de preços ao mercado) acumula alta de 37% em 1 ano, subindo 4% apenas em maio.
O Ibovespa (principal índice da bolsa de valores brasileira) mostra que a B3 é uma das bolsas com maior exposição a commodity, 36% dele é formado por empresas ligadas ao setor. Em um cenário de valorização das commodities,
combinado com (i) a perspectiva de crescimento do país; (ii) a melhora dos dados fiscais (arrecadação versus gastos do governo) e (iii) avanço das reformas, como o encaminhamento da pauta administrativa, favoreceram para o que o Ibovespa alcançasse um novo recorde histórico acima dos 125 mil pontos. A combinação desses fatores também contribuíram para a valorização da nossa moeda, com um dólar estruturalmente mais barato pelo menos no curto prazo.
Como pontos de atenção a essa tendência positiva temos no radar (i) o risco de uma 3a onda da covid-19 com a chegada de novas variantes do vírus frente a demora na vacinação, o que pode atrapalhar principalmente os setores que dependem da reabertura; (ii) e uma potencial crise hídrica depois do governo emitir um alerta de emergência.
Por dentro dos Setores
Destaque: bom momento das commodities, apesar de um dólar mais fraco ser desfavorável para a exportação. Atenção: setor de energia e ações ligadas a tecnologia podem oscilar ao longo do mês.
Radar: setores que acompanham a reabertura, com atenção ao risco da 3a onda.
Alterações
As alterações desse mês refletem a atualização da estratégia, que envolvem: (i) redução da exposição ao setor de tecnologia, que vem sofrendo com a alta da curva de juros; (ii) diminuir a exposição ao dólar, dado a perspectiva positiva para o real (R$) e (iii) exposição a setores ligados a atividade doméstica com a visão positiva para Brasil.
Colocado o cenário atual, optamos por realizar perdas esse mês ao sair de ativos com retorno negativo. Entendemos fazer sentido trocar as posições por papéis com maior potencial de valorização do que esperar a reversão dos retornos negativos.
1 fonte: Economática
Visão da Carteira
Ativos
Exposição
Comparativo de Rentabilidade Carteira X Ibovespa
Sobre os ativos
LCAM3
A Unidas, conhecida como Locamerica antes da aquisição da Unidas em 2017, é a segunda maior empresa da indústria brasileira de aluguel de carros. Com uma frota de 165 mil veículos, a companhia presta o serviço completo, operando em: (i) aluguel de carros individuais; (ii) aluguel de frotas e (iii) seminovos.
O resultado do 1o trimestre de 2021 foi destaque positivo no setor de locadoras, potencializado pelo segmento de seminovos. Tal operação se beneficiou do cenário atual, com os preços dos carros novos, que subiram com a falta de matéria prima nas montadoras. Na nossa visão, essa situação pode-se prolongar por mais um trimestre, o que tende a ser benéfico para a Unidas no horizonte próximo.
Adicionamos ao momento atual a boa gestão da companhia, com um perfil inovador e resiliente. Também está no radar a possível fusão com a Localiza, que pode ampliar o potencial ganho da ação por hoje não estar integralmente precificado.
MULT3
A Multiplan é uma das maiores operadoras de shoppings centers do Brasil. A companhia conta com 19 unidades espalhadas por Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal e Alagoas. Vale destacar que a grande parte das regiões de atuação da empresa são Estados que concentram boa parte do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, da geração de riqueza do país. Isso é um destaque positivo para o setor de shoppings, que dependem do poder de consumo da população para girar o negócio, principalmente num momento pós-crise.
Em nossa visão, o setor de shoppings tem um potencial de valorização com a reabertura da economia e retomada da atividade. Dentro do setor, a Multiplan se destaca pelo potencial de valorização dado a qualidade do portfólio de shoppings administrados, presença nas principais regiões consumidoras do Brasil e quando comparada com os outras ações do setor apresentou valorização menor esse ano (10% versus 15% de outros pares), abrindo espaço para ganho.
RADL3
A RD é uma das líderes do mercado brasileiro de farmácias. A companhia foi criada em 2011 a partir da fusão entre Raia e Drogasil, hoje o grupo conta com as marcas Droga Raia, Drogasil, Onofre, entre outras, totalizando 2.100 lojas em 23 estados brasileiros.
O segmento de farmácias, apesar de fazer parte do setor de varejo, tem uma característica defensiva, ou seja, depende menos do ciclo econômico e da renda da população para girar. No cenário atual, optamos por aumentar a exposição em empresas de varejo com essa característica, somado ao potencial de receita das farmácias com o momento pandêmico.
Dentre as empresas do setor, a Raia Drogasil possui em seu portfólio marcas com força e capilaridade nacional e a proposta de se tornar um centro de saúde. Tais iniciativas, somado ao histórico forte da empresa e o plano de digitalização (lançar o próprio Marketplace) trazem uma perspectiva positiva para a companhia.
MELI34
Mercado Livre é o maior ecossistema de varejo e meios de pagamento online da América Latina, o grupo opera através da sua plataforma de e-commerce e do Mercado Pago para solução financeira. Presentes em 18 países (entre eles: Argentina, Brasil, México, Colômbia, Chile, Venezuela e Peru), é líder de mercado em cada uma das principais regiões. A ação do Mercado Livre está listada na bolsa de tecnologia dos Estados Unidos, Nasdaq, e está disponível para o investidor brasileiro na B3 como BDR.
Destacamos a empresa como uma das mais bem posicionados entre as varejistas online. O Mercado Livre (i) tem vantagens competitivas em relação aos pares por já ter “nascido” em como uma empresa tech, (ii) é gerida por pessoas que são referencia no setor e (iii) recentemente fez aquisições interessantes que potencializam a sua atuação. O Grupo segue apresentando bons resultados e o impacto negativo nas ações, pelo nosso diagnóstico, é efeito da curva de juros que pressiona as ações do setor.
IVVB11
Esse ETF, gerido pela BlackRock, tem como referência o índice S&P 500, formado pelas 500 maiores ações dos Estados Unidos. As empresas são selecionadas de acordo com critérios como tamanho, liquidez e setor, sendo composto por algumas das principais empresas do mundo, como: Microsoft, Apple, Amazon, Facebook, Alphabet– Google, Johnson & Johnson, Berkshire Hathaway, Visa Inc. e JPMorgan Chase & Co.
As bolsas nos Estados Unidos vêm renovando as suas máximas a cada dia. Além dos trilhões de dólares que já foram distribuídos pelo governo visando a recuperação da pandemia, os dados econômicos têm apresentado sinais de retomada e o governo Biden está trabalhando para aprovar mais pacotes de estímulos. Vemos ainda um potencial de crescimento das bolsas dos Estados Unidos a ser capturado e entendemos esse ativo como um bom nome para compor a carteira.
ASAI3
A Sendas Distribuidora S.A. estreou na bolsa em março, até então o resultado do Assaí era consolidado com nos números do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Assaí é operação de Atacarejo (atacado de varejo alimentar) do Grupo, com 184 lojas em 23 Estados e 10 centros de distribuição, sendo o 2o maior varejista brasileiro com vendas brutas totais de R$39,4bn em 2020 e agora, pós cisão que ocorreu em março, a operação é listada separadamente do GPA pelo nomes Sendas Distribuidora.
Entendemos que o momento atual deve continuar beneficiando as operações de Atacarejo, em um cenário de fragilidade econômica o consumidor apresenta uma postura mais racional de compras, focando no consumo básico e de forma eficiente (atacarejos costumam ser mais baratos que supermercadistas). Somado a isso, o Assaí tem uma boa perspectiva de crescimento, com boa gestão e uma estratégia de expansão assertiva.
Optamos por manter a nossa posição em Assai com a continuidade das expectativa de bons resultados, favorecido pela situação pandêmica que potencializa o consumo básico. ‘’
BBAS3
O Banco do Brasil S.A., um dos maiores bancos do país, é um banco estatal. Ter o governo como acionista controlador pesou na ação do banco recentemente, principalmente após conflitos com o Presidente da República, Bolsonaro, que culminaram na troca da presidência do Banco do Brasil.
Entendemos que o desconto que a ação sofreu esse ano abre oportunidade de compra. Apesar dos riscos de governança e intervenção política, entendemos que a ação tem potencial de valorização considerando a boa carteira de crédito (focada em produtos com alta rentabilidade e baixa inadimplência) do banco e a participação de mercado que vem se mostrando protegida mesmo com o aumento de competitividade no setor pela entrada dos concorrentes digitais, além do banco estar bem posicionado digitalmente, com o alto número de usuários do aplicativo. Mantemos a nossa visão que o Banco do Brasil segue descontado e ainda há espaço para valorização frente aos seus pares do setor.
WEGE3
A Weg S.A. é uma multinacional brasileira fabricante de motores, transformadores e geradores para o setor elétrico, além de outros equipamentos eletrônicos para a indústria. A Weg tem exposição global, com a comercialização de seus produtos em praticamente todos os continentes e a maior parte da sua receita é proveniente de exportação.
WEGE3 foi uma das ações que mais valorizou ao longo de 2020, despontando pelo bom posicionamento e boa gestão da empresa. No atual cenário, acreditamos que a empresa tem potencial de valorização se beneficiando da recuperação econômica internacional e de um momento que o mercado opta por ser mais conservador.
Apesar da variação negativa do papel, ressaltamos a boa performance da companhia nos últimos números reportados e mantemos a nossa perspectiva positiva para empresa.
Objetivo
A carteira recomendada tem como objetivo capturar as melhores oportunidades e performances do mercado de renda variável. Dessa forma, os ativos aqui recomendados não se limitam a uma única classe. A carteira pode ter na sua composição ações, ETFs, BDRs ou outro ativo de renda variável que faça sentido com a estratégia de capturar as oportunidades em diferentes momentos.
O processo de seleção dos ativos é realizado pelo estrategista da Corretora Clear com base em uma análise conjunta o time de análise fundamentalista. A decisão de recomendação pondera o bom desempenho dos ativos com janelas de oportunidade para compra.
Estratégia
Definimos a estratégia com base no (i) cenário brasileiro, (ii) o potencial de crescimento de outras economias, (iii)a tendência de valorização do dólar e (iv) desvalorização recente de ativos locais intensificada por fatos pontuais. Com esse pano de fundo, escolhemos ativos que proporcionassem exposição a mercados internacionais e ao dólar, além de considerar ações brasileiras com potencial de ganho.
Atualização
A carteira é atualizada todo começo de mês. Com periodicidade mensal revisamos se a estratégia está alinhada na busca pelo potencial de ganho com conjuntura econômica mais atual. Nesse cenário, alterações são feitas se necessário.
Cumprindo o objetivo de capturar oportunidades e de acordo com a tomada de decisão baseada em fundamentos, a carteira visa um horizonte de médio prazo. As recomendações feitas são revisadas mensalmente podendo ou não sofrer alterações, a depender da mudança de cenário macroeconômico ou fundamentos de cada ativo.
Composição
A carteira é composta por oito ativos e distribuída igualmente entre eles, sendo 12,5% o peso de cada um. A estratégia adotada considera a diversificação como vetor importante de perenidade de resultados em um horizonte mais amplo de tempo, sem perder oportunidades de mercado.
Distribuímos a carteira em setores variados, com diferentes fatores de risco (como commodities, dólar, crescimento de diferentes economias, entre outros) e ativos com características diferentes, se fizer sentido em dado momento. Entretanto, não foram estipulados parâmetros fixos de cada fator visando a flexibilidade para capturar ao máximo as oportunidades de cada momento.
DISCLAIMER INFORMAÇÕES IMPORTANTES
Analistas: Roberto Indech – CNPI: 1426
Pietra Guerra – CNPI: 2531
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