Carteira Recomendada de Renda Variável (Abril)

Destaques do mês

Cenário Global

Desde o começo do ano temos acompanhado a alta das taxas de juros de longo prazo no mundo todo, principalmente nos Estados Unidos com os juros do Tesouro americano (Treasuries) de 10 anos ultrapassando 1,6%. O aumento das taxas de juros são consequência de políticas expansionistas, com os governos injetando dinheiro através de pacotes de estímulos para movimentar as economias em meio à crise do corona vírus. Porém, algumas economias como Europa e Estados Unidos já dão sinais de retomada, com dados de atividade ao redor do mundo mostrando aceleração. Um cenário de estímulos quando a economia já dá sinais de recuperação aproxima o risco de inflação e a expectativa de aumento de juros vem como consequência, pois essa pode ser uma ferramenta utilizada pelos Bancos Centrais para conter a inflação.

Nesse cenário inflacionário, e caso o aumento dos juros nas grandes economias se consolide, as bolsas podem sofrer alguma pressão, principalmente em países emergentes. A alta dos juros pesa nas empresas, aumentando o custo da dívida, e tende a beneficiar ativos de economias mais seguras. Historicamente, vemos investimentos como ações americanas, ouro, commodities e dólar performar melhor quando economia global apresentou esse comportamento.

Cenário Brasil

Contextualizando o Brasil no cenário que colocamos acima, além dos impactos por ser um país emergente, o dólar forte também pode afetar os preços das commodities. As taxas de juros altas tendem a penalizar ações de empresas de crescimento, como as companhias de tecnologia recém chegadas na bolsa, por terem a valorização da ação atrelada a expectativa de crescimento futuro.

Somado ao contexto macro, vemos um cenário local bastante fragilizados. As incertezas em relação ao Orçamento 2021, as trocas de cargos políticos e de lideranças corporativas, e a crise sanitária aumenta a percepção de risco Brasil. Adicionalmente, os números de vacinação relativamente baixos quando comparados a outros países do globo tornam ainda mais incerta a perspectiva de retomada econômica.

Por dentro dos setores

Isso posto, entendemos que o momento é mais positivo para empresas que tem potencial de capturar a retomada econômica global, além de se beneficiarem de um dólar forte com a receita de exportação. No mercado local, destacamos como ponto de atenção setores sensíveis a taxas de juros mais altas, como empresas do setor elétrico e consumo básico, e as empresas de crescimento, que podem encontrar um cenário mais desafiador pela frente.

Alterações

Por se tratar da primeira carteira, não há alterações.

Visão da Carteira

Ativos

Exposição

Comparativo Carteira X Ibovespa

Traremos o acompanhamento da performance da nossa carteira, comparando com o Ibovespa (principal índice e referencia internacional da performance da bolsa brasileira).

Sobre os ativos

IVVB11

Esse ETF, gerido pela BlackRock, tem como referência o índice S&P 500, formado pelas 500 maiores ações dos Estados Unidos. As empresas são selecionadas de acordo com critérios como tamanho, liquidez e setor, sendo composto por algumas das principais empresas do mundo, como: Microsoft, Apple, Amazon, Facebook, Alphabet– Google, Johnson & Johnson, Berkshire Hathaway, Visa Inc. e JPMorgan Chase & Co.

As bolsas nos Estados Unidos vêm renovando as suas máximas a cada dia. Além dos trilhões de dólares que já foram distribuídos pelo governo visando a recuperação da pandemia, os dados econômicos têm apresentado sinais de retomada e o governo Biden está trabalhando para aprovar mais pacotes de estímulos. Vemos ainda um potencial de crescimento das bolsas dos Estados Unidos a ser capturado e entendemos esse ativo como um bom nome para compor a carteira.

XINA11

O ETF XINA11 acompanha o índice MSCI China, composto por mais de 700 empresas chinesas, entre médio e grande porte, representando cerca de 85% do universo de empresas do país. O setor de maior peso é o de consumo secundário, itens não essenciais e que variam com os ciclos econômicos (como vestuário, utilidades domésticas, lazer, etc), representando mais de 30% do índice, seguido de Serviços de Telecomunicações com peso de cerca de 20% e depois os setores financeiro e de saúde. As 3 empresas com maior participação no índice são: (i) o Alibaba Group, (ii) a Tencent Holdings e (iii) a Meituan Diaping.

Em 2010, a China passou o Japão para se tornar a segunda maior economia do mundo e é estimado que entre 2025 e 2030 ela ultrapassará os Estados Unidos tornando-se a maior economia do globo. No último ano a China liderou a retomada econômica pós pandemia como uma das principais economias a apresentar uma recuperação em formato de “V”. Acreditamos no crescimento da China e vemos o ativo como uma boa oportunidade de estar exposto a essa economia.

ASAI3

A Sendas Distribuidora S.A. estreou na bolsa em março, até então o resultado do Assaí era consolidado com nos números do Grupo Pão de Açúcar (GPA). Assaí é operação de Atacarejo (atacado de varejo alimentar) do Grupo, com 184 lojas em 23 Estados e 10 centros de distribuição, sendo o 2o maior varejista brasileiro com vendas brutas totais de R$39,4bn em 2020 e agora, pós cisão que ocorreu em março, a operação é listada separadamente do GPA pelo nomes Sendas Distribuidora.

Entendemos que o momento atual deve continuar beneficiando as operações de Atacerjo, em um cenário de fragilidade econômica o consumidor apresenta uma postura mais racional de compras, focando no consumo básico e de forma eficiente (atacarejos costumam ser mais baratos que supermercadistas). Somado a isso, o Assaí tem uma boa perspectiva de crescimento, com boa gestão e uma estratégia de expansão assertiva.

BBAS3

O Banco do Brasil S.A., um dos maiores bancos do país, é um banco estatal. Ter o governo como acionista controlador pesou na ação do banco recentemente, principalmente após conflitos com o Presidente da República, Bolsonaro, que culminaram na troca da presidência do Banco do Brasil.

Entendemos que o desconto que a ação sofreu esse ano abre oportunidade de compra. Apesar dos riscos de governança e intervenção política, entendemos que a ação tem potencial de valorização considerando a boa carteira de crédito (focada em produtos com alta rentabilidade e baixa inadimplência) do banco e a participação de mercado que vem se mostrando protegida mesmo com o aumento de competitividade no setor pela entrada dos concorrentes digitais, além do banco estar bem posicionado digitalmente, com o alto número de usuários do aplicativo.

CMIN3

A CSN Mineração S.A. é a 2a maior exportadora de minério de ferro do Brasil. Fundado em 2015 pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional, também listada na bolsa como CSNA3), a empresa operou como um braço de mineração da sua fundadora até esse ano, quando abriu seu capital na bolsa. A CSN segue sendo a principal acionista da CSN Mineração.

Vemos um cenário favorável para exploradoras de minério, o aumento dos preços recentes puxados pela forte demanda na China tende a favorecer o setor. Nossa escolha pela CSN Mineração se baseia no potencial de crescimento no longo prazo, com possíveis saltos de produção ainda não considerados no preço, somado a perspectiva do pagamento de bons dividendos, dada a forte geração de caixa recente com os preços atuais do minério de ferro.

JBSS3

A JBS S.A., importante frigorífico brasileiro, é atualmente a maior produtora de proteínas do mundo e a 2a maior empresa de alimentos do globo. Com atuação no processamento de carnes bovina, suína, ovina e de frango, e exposição a diferentes mercados consumidores (Brasil, Estados Unidos e China), a empresa garante uma diversificação que possibilita bons resultados sem depender exclusivamente do ciclo de produção de uma única proteína ou mercado consumidor.

Em um cenário de dólar alto, e buscando exposição ao setor de proteínas, escolhemos a ação pelo o forte posicionamento da JBS na venda de carne bovina dos Estados Unidos. Este mercado se encontra em um momento favorável, com boas margens, que devem continuar contribuindo para a geração de caixa da empresa.

LWSA3

A Locaweb Serviços de Internet S.A. é a principal plataforma de hospedagem de site do país, com 21% do mercado, além de fornecer outros serviços para que pequenas e médias varejistas possam criar seu próprio e-commerce. As ações subiram quase 400% desde que as ações começaram a ser negociadas na bolsa, em fevereiro de 2020.

Mesmo com a recente valorização, entendemos que ainda há espaço para a ação capturar ganhos dado o bom posicionamento da empresa por principalmente dois fatores: (i) o momento de mercado é favorável para a entrada de novos empreendedores, o que tende a aumentar o volume de negócio da Locaweb e (ii) a empresa já fez algumas aquisições com caixa do IPO, mas ainda há capital e oportunidades para novas aquisições e consolidação de mercado.

WEGE3

A Weg S.A. é uma multinacional brasileira fabricante de motores, transformadores e geradores para o setor elétrico, além de outros equipamentos eletrônicos para a indústria. A Weg tem exposição global, com a comercialização de seus produtos em praticamente todos os continentes e a maior parte da sua receita é proveniente de exportação.

WEGE3 foi uma das ações que mais valorizou ao longo de 2020, despontando pelo bom posicionamento e boa gestão da empresa. No atual cenário, acreditamos que a empresa tem potencial de valorização se beneficiando da recuperação econômica internacional e de um momento que o mercado opta por ser mais conservador.

Objetivo

A carteira recomendada tem como objetivo capturar as melhores oportunidades e performances do mercado de renda variável. Dessa forma, os ativos aqui recomendados não se limitam a uma única classe. A carteira pode ter na sua composição ações, ETFs, BDRs ou outro ativo de renda variável que faça sentido com a estratégia de capturar as oportunidades em diferentes momentos.

O processo de seleção dos ativos é realizado pelo estrategista da Corretora Clear com base em uma análise conjunta o time de análise fundamentalista. A decisão de recomendação pondera o bom desempenho dos ativos com janelas de oportunidade para compra.

Estratégia

Definimos a estratégia com base no (i) cenário brasileiro, (ii) o potencial de crescimento de outras economias, (iii)a tendência de valorização do dólar e (iv) desvalorização recente de ativos locais intensificada por fatos pontuais. Com esse pano de fundo, escolhemos ativos que proporcionassem exposição a mercados internacionais e ao dólar, além de considerar ações brasileiras com potencial de ganho.

Atualização

A carteira é atualizada todo começo de mês. Com periodicidade mensal revisamos se a estratégia está alinhada na busca pelo potencial de ganho com conjuntura econômica mais atual. Nesse cenário, alterações são feitas se necessário.

Cumprindo o objetivo de capturar oportunidades e de acordo com a tomada de decisão baseada em fundamentos, a carteira visa um horizonte de médio prazo. As recomendações feitas são revisadas mensalmente podendo ou não sofrer alterações, a depender da mudança de cenário macroeconômico ou fundamentos de cada ativo.

Composição

A carteira é composta por oito ativos e distribuída igualmente entre eles, sendo 12,5% o peso de cada um. A estratégia adotada considera a diversificação como vetor importante de perenidade de resultados em um horizonte mais amplo de tempo, sem perder oportunidades de mercado.

Distribuímos a carteira em setores variados, com diferentes fatores de risco (como commodities, dólar, crescimento de diferentes economias, entre outros) e ativos com características diferentes, se fizer sentido em dado momento. Entretanto, não foram estipulados parâmetros fixos de cada fator visando a flexibilidade para capturar ao máximo as oportunidades de cada momento.

DISCLAIMER
INFORMAÇÕES IMPORTANTES Analistas: Roberto Indech – CNPI: 1426

Pietra Guerra – CNPI: 2531

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A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macro econômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas. O investimento em ações é indicado para investidores de perfil moderado e agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela Clear. Ação é uma fração do capital de uma empresa que é negociada no mercado. É um título de renda variável, ou seja, um investimento no qual a rentabilidade não é preestabelecida, varia conforme as cotações de mercado. O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto.