Desdobramento: entenda como diversas empresas recorrem a esse mecanismo com o objetivo de tornar os papéis mais acessíveis
O recente anúncio do desdobramento das ações do Magazine Luiza vem dando o que falar.
Quem acompanha as notícias do mercado financeiro, com certeza, leu diversas manchetes abordando o evento e destacando a oportunidade de adquirir os papéis por um preço “baratinho”.
Entretanto, apesar de o desdobramento ser um mecanismo muito utilizado por empresas dos mais variados setores, é importante compreender o seu funcionamento e impacto, tanto para quem pretender comprar as ações, como para quem já as tem.
Por isso, neste artigo, você irá conferir tudo o que você precisa saber para não levar um susto se o número de alguma ação da sua carteira dobrar do dia para a noite. Vamos lá?
O que é desdobramento?
Também conhecido pelo termo em inglês “split”, o desdobramento é um recurso adotado por companhias listadas na bolsa de valores com o objetivo de dividir as ações existentes, aumentando a quantidade de papéis, mas sem alterar o valor de mercado da empresa.
Não há a emissão de novas ações, apenas o desmembramento das que já existem. É o famoso trocar seis por meia dúzia.
Vale lembrar que, geralmente, essas operações seguem uma proporção padrão, como 1:2, 1:3 ou 1:10, por exemplo. O valor de cada ação também é dividido proporcionalmente.
Por exemplo, uma ação cujo preço é R$100, passa a valer R$50 após um desdobramento 1:2. E o acionista que tinha 100 ações, passa a ter 200. Ou seja, alteram-se a quantidade e o valor individual das ações disponíveis, mas o valor total do investimento se mantem o mesmo para o acionista.
Antes de realizar o desdobramento, a empresa faz uma reunião junto aos investidores e principais interessados para discutir o tema.
Depois disso, a companhia escolhe uma data para efetuar a divisão e repassa um informativo ao mercado. Em 2019, mais de 60 empresas recorreram ao desdobramento de ações, entre elas o Bradesco (BBDC3), Lojas Renner (LREN3), Sinquia (SQIA3), IRB Brasil (IRBR3), Transmissão Paulista (TRPL4), Banco Inter (BIDI4) e o próprio Magazine Luiza (MGLU3).
No primeiro semestre de 2020, foram 22 companhias.
Por que é feito o desdobramento?
Quando a empresa cresce, o seu valor de mercado também aumenta. Com a valorização, o valor unitário de cada ação fica mais alto.
De maneira geral, essa manobra é realizada visando deixar o preço da ação mais acessível ao investidor, quando a companhia entende que ela está muito cara e inviável para investidores de pequeno porte. Ao aumentar o volume de papéis em circulação, o preço cai e a liquidez aumenta, facilitando a negociação.
Alguns investidores veem com bons olhos ações que passaram por desdobramentos, já que companhias que tiveram uma trajetória de forte valorização, como a Ambev e Klabin, por exemplo, realizaram splits ao longo dos anos.
Mesmo não estando diretamente ligado a uma valorização, o split pode gerar maior interesse pelos papéis da companhia, já que as ações ficam mais acessíveis. Além disso, o evento resulta em um alto volume de notícias relacionadas à companhia, o que aumenta a visibilidade e contribui para que mais pessoas se interessem pelo papel.
Vantagens e desvantagens
Além de ser interessante para a empresa, do ponto de vista do investidor, a acessibilidade também é a principal vantagem do desdobramento de ações. Com o preço menor, mais pessoas passam a ter oportunidade de se tornar sócias de uma empresa com bons fundamentos.
O aspecto negativo fica por conta da volatilidade que pode ser provocada pelo aumento da liquidez, já que papéis baratos podem atrair especuladores. O custo do desdobramento também pode representar uma desvantagem para a empresa.
O desdobramento do Magazine Luiza
Você sabia que, caso o Magazine Luiza não tivesse feito nenhum desdobramento desde a abertura do seu capital, sua ação estaria valendo R$ 5.578,24, de acordo com a CNN Brasil Business.
Desde o início do ano, as ações da empresa acumularam alta de mais de 86%, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, graças às vendas pela internet. Não à toa, a varejista anunciou recentemente que os ativos passam a ser negociados desdobrados na proporção de 1:4 a partir do dia 14 de outubro.
O objetivo do desdobramento da MGLU3 é aumentar a liquidez dos papéis e tornar o preço mais atrativo a um número maior de investidores. Cotadas a cerca de R$ 88, as ações passam a valer em torno de R$22 após o desdobramento.
Em julho de 2019, quando as ações valiam cerca de R$238, a empresa fez um desdobramento de 1:8. O Magazine Luiza é o exemplo perfeito para ilustrar a importância desse mecanismo no sentido de tornar certos ativos mais acessíveis ao pequeno investidor.
Conclusão
Apesar de os desdobramentos não representarem uma ferramenta que agrega diretamente valor para uma empresa, esse recurso é fundamental para garantir o fluxo de movimentações de compra e venda de ações e para tornar a companhia acessível aos pequenos acionistas.
Na realidade, os papéis não estão ficando nem mais caros e nem mais baratos. Apenas foram divididos. Por isso, para quem quer sobreviver no longo prazo, é muito importante acompanhar os fatos relevantes que as empresas divulgam e não ficar preso apenas ao valor de negociação no Home Broker.
Bons investimentos!