Entenda como a moeda mais influente do mundo interfere nos seus investimentos e serve como um termômetro do mercado
Por que a cotação do dólar influencia o mercado? Se você está acostumado a acompanhar o mercado financeiro, certamente já se deparou com esse tipo de manchete: “Ibovespa sobe e dólar recua com bom humor dos investidores”. Como também já deve ter visto: “Dólar dispara com aumento do ruído político”. A cotação do dólar interfere diretamente no mercado e vamos entender um pouco sobre essa influência neste artigo.
Como a hipotética manchete apontou, a cotação do dólar em primeira instância é uma “medida do humor” dos investidores, uma vez que simboliza proteção, já que estamos falando simplesmente da referência monetária da economia mundial, ou seja, a principal moeda no mercado de câmbio.
Esse seu status de moeda forte serve de porto seguro para os investidores em momentos turbulentos do mercado, com a migração de ativos de maior risco, como no caso da renda variável, para um ativo de menor risco, maior reserva de valor e principalmente alta liquidez como é o dólar. Essa fuga para o dólar eleva a demanda pela moeda e por consequência seu preço.
Como o mercado é cíclico e na grande parte do tempo o dinheiro troca de mão, essa migração para o dólar em tempos de turbulência influencia diretamente o mercado de renda variável, pois é um sinal claro da falta de apetite do investidor pelo risco, o que acaba impactando negativamente a bolsa de valores de modo em geral.
Em contrapartida, as empresas exportadoras, cujas receitas são em dólares, são favorecidas por esse movimento de alta do câmbio e geralmente são as alternativas para surfar a alta da cotação do dólar. Não por acaso, essas empresas são conhecidas como defensivas e frequentemente são utilizadas como hedge das carteiras para aproveitar esse movimento de alta do dólar, como também para proteger da turbulência do mercado.
A cotação do dólar e o Ibovespa
Além de ser um bom parâmetro de risco, lembrando que nada garante que a alta do dólar representará irrestritamente na queda da bolsa ou vice-versa, a cotação do dólar é muito importante para entender quão atrativo está o mercado brasileiro para investir.
Na economia, para sintetizar o interesse dos investidores estrangeiros no Brasil, o Bacen (Banco Central do Brasil) divulga o fluxo cambial, que indica o volume de divisas externas que entram e saem do País, ao passo que é o calculado através do fluxo financeiro e comercial. No mercado de ações esse fluxo é medido pela participação dos investidores na Bolsa.
Segundo os últimos dados da B3 referentes ao mês de maio, 48,6% das negociações no mercado a vista foram registradas pelos investidores estrangeiros, ou seja, sua participação é extremamente relevante. Por conta disso, o dólar, caro ou barato, de fato irá influenciar o apetite dos estrangeiros pelas ações brasileiras e para entender melhor essa relação o investidor deve sempre estar ligado no EWZ.
O EWZ é um ETF (Exchange Trader Fund) que representa os papéis com maior peso no Ibovespa e nada mais é do que o maior fundo de índice de ações brasileiras negociado lá fora. O iShares MSCI Brazil Capped Index, como é denominado formalmente, sem dúvida é um ótimo termômetro da demanda dos estrangeiros pelas ações brasileiras e fazer sua análise junto com o Ibovespa é crucial para entender o comportamento do mercado, uma vez que os estrangeiros operam em dólar e estão de olho no Ibovespa em dólares.
Um grande exemplo da sua importância foi em maio deste ano, mais precisamente na terceira semana, quando o Ibovespa recuou 4,5% e foi marcar mínima em 89.400 pontos por conta dos inúmeros ruídos políticos gerados naquele momento. Quando parecia que tudo iria acabar, no Fechamento do Mercado do dia 17 de maio (https://www.youtube.com/watch?v=nDm3efjr3OM&t=1s) foi apontado que o EWZ estava testando os US$ 37,00, seu principal suporte de curto prazo e que, mesmo com a derrocada do Ibovespa, a maior probabilidade era por uma recuperação a partir daquele momento.
No final das contas, de fato o ETF respeitou esse patamar e subiu 16% levando em conta o preço atual.
Portanto, a cotação do dólar influencia o mercado diretamente na percepção de risco do investidor, como também na atratividade de comprar/vender ações. Esse foi um resumo bem sucinto e prático da influência do dólar no mercado, lembrando que a moeda interfere diretamente nos rumos da economia, desde a política monetária até a política comercial de um país.