“O que esperar dos fundos imobiliários após a crise do coronavírus?” foi o tema da palestra virtual
A palestra do Banco Imobiliário, podcast que explica como atuam as maiores empresas do mercado imobiliário brasileiro e as principais oportunidades de investimentos, no Master Trader Online, o maior evento virtual do ano da Clear em parceria com a B3, foi apresentada por Marcelo Hannud, consultor imobiliário da XP Investimentos, e Beatriz Cutait, editora de investimentos do Infomoney e, também, pelo anfitrião do evento e estrategista-chefe da Clear, Roberto Indech.
Como convidado para o bate-papo, esteve presente o sócio responsável pela área de fundos imobiliários de equity da Kinea Investimentos, Carlos Martins.
Impactos do coronavírus no setor imobiliário
Segundo Carlos Martins, o primeiro desafio em meio à crise foi intensificar a comunicação com os investidores. “Os relatórios saem com uma certa previsibilidade, mas o que o mercado entendeu, e a gente também, é que precisava intensificar, explicar e conversar onde estão os desafios, porque isso gerou muito estresse nos investidores”, diz.
Para ele, o catalizador foram as primeiras notícias específicas sobre fundos de shopping, em que os gestores, de forma conservadora, mas importante, resolveram reduzir ou até eliminar temporariamente a distribuição de rendimentos dos fundos imobiliários.
“Isso acabou gerando uma preocupação grande por toda indústria. Muita gente ligou perguntando se íamos zerar os dividendos, por exemplo. Então, eu diria que o primeiro desafio foi a comunicação. Explicar que estamos vivendo uma crise importante e que vai ter impacto na economia, qualidade de crédito das empresas e também desemprego. Isso afeta de formas diferentes a nossa classe de ativos. Mas, o que a gente quis lembrar é que os fundos imobiliários são estruturas robustas e fundos fechados usualmente pouco alavancados. Em sua maioria não são alavancados. São ativos que investem em ativos reais, em imóveis ou dívidas lastreadas em garantia de imóveis”, explica.
“Então, a primeira coisa que a gente pediu para todos é serenidade. Olhar com tranquilidade o que tinha na carteira dos fundos. Essa é uma hora em que a qualidade dos portfólios vai fazer muita diferença”, conclui.
Carlos Martins também diz que a crise vai afetar os portfólios de formas diferentes. “A gente tem portfólios de shopping e hotel, que foram mais afetados. Têm fundos de escritório e logística que tem um outro comportamento. E tem o mercado residencial, que é um mercado com uma participação pequena no mercado de fundos imobiliários listados, mas é uma classe importante dentro da classe imobiliária”, explica.
Segundo o sócio da Kinea, agora é o momento que começamos a sentir efeitos maiores da crise e que, inevitavelmente, o fechamento dos shoppings gerou uma queda nas distribuições.
No entanto, nos casos dos escritórios, acredita que isso chega um pouco mais atrasado. “São as empresas que agora estão começando a sentir mais dificuldade e, por questão de liquidez, estão pedindo para os proprietários um auxílio para esse período”, explica.
Para finalizar, Carlos acredita que o mercado inteiro tenta entender exatamente o problema e achar uma solução que ajude o inquilino sem impactar os cotistas, que são os grandes compradores do produto. “A gente sempre tenta lembrar aos nossos inquilinos que se ele deixa de pagar um aluguel, por melhor que seja o racional, o dinheiro não é nosso. O dinheiro é dos cotistas que usam esse fundo como complemento de renda ou aposentadoria”, conclui.