Descubra como é possível ganhar dinheiro com a queda das ações
Vender algo que você não possui pode parecer um pouco sem sentido, não é mesmo? Mas, no universo da renda variável, esse tipo de operação é muito útil nos momentos em que o mercado está em queda. É a chamada venda a descoberto ou short selling: você vende um ativo que não está na sua carteira para depois lucrar com a sua compra. Pode parecer confuso, mas, na realidade, trata-se de um conceito bem simples e uma prática muito comum na bolsa de valores. Quer saber mais? Continue lendo o artigo!
O que é venda a descoberto?
Comprar na baixa e vender na alta é uma estratégia muito popular no mercado financeiro. Entretanto, isso não significa que seja o único caminho possível. A venda a descoberto é uma operação de alto risco realizada no curto prazo, mas que permite que o investidor lucre com a queda do preço de um ativo, principalmente em momentos de instabilidade na bolsa, em que as ações tendem a cair.
Motivada pela expectativa de que o preço de determinado ativo irá cair, a venda a descoberto consiste na venda de uma ação com o preço em alta e na recompra do papel quando o preço tiver caído, podendo ser feita no day trade ou em datas diferentes. Na venda a descoberto, a ação vendida não pertence ao vendedor. Para poder vendê-la, ele utiliza as ações de terceiros. A posição de quem realiza uma venda a descoberto é chamada de posição vendida, ou short, em inglês.
Imagine que uma determinada ação esteja custando R$ 100. Por algum motivo, como rumores que tenham saído na mídia, por exemplo, você acredita que este papel irá se desvalorizar. Com isso, você aluga esta ação e a vende antes que o preço caia. Se a sua expectativa se concretizar e o preço da ação cair para R$ 80, você pode recomprá-la e lucrar R$ 20.
Mas é claro que o contrário também pode acontecer. Se a queda do preço não ocorrer e for necessário readquirir o ativo por um valor superior, você terá prejuízo. Afinal, ao fim da transação, é necessário devolver as ações a quem as emprestou.
Como operar venda a descoberto?
Como o investidor que realiza a venda a descoberto não possui os títulos que pretende vender, para operações de curto prazo, ele precisa checar a disponibilidade do BTC (Banco de Títulos CBLC) para aquele ativo, ou seja, a disponibilidade de aluguel daquela ação. No caso do day trade, esse procedimento não é necessário.
O empréstimo ou aluguel de ações é configurado por uma atividade em que investidores se dispõem a oferecer suas ações por um determinado período em troca do pagamento de uma taxa acordada com o tomador, que é quem pega as ações emprestadas. Geralmente, os doadores são investidores de longo prazo que estão buscando um rendimento extra com seus ativos. Já os tomadores, visam especular e precisam do ativo apenas por um curto período para lucrar com uma estratégia específica. Os lucros aumentam à medida que o título que foi alvo da operação se desvaloriza. Em contrapartida, o prejuízo cresce quando o preço sobe em relação ao valor pelo qual o ativo foi vendido.
Como geralmente os movimentos de baixa ocorrem mais rapidamente que os de alta, o investidor precisa estar muito atento para não abrir sua posição muito tarde e nem muito cedo. Para isso, é preciso observar o sentido principal da tendência, que ser for de baixa tende a indicar o sucesso da operação. A deterioração dos fundamentos também é um dos fatores que sinalizam a queda do preço. Por fim, indicativos da análise técnica também são fundamentais para validar movimentos de baixa.
Venda a descoberto vale a pena?
Como qualquer tipo de investimento, a venda a descoberto apresenta riscos e vantagens.
O principal benefício desse tipo de operação é poder continuar atuante (e lucrando) no mercado financeiro mesmo em meio a momentos de crise, nos quais os ativos tendem a se desvalorizar. Outro aspecto positivo é poder contar com ações que não estejam em sua carteira para aproveitar oportunidades que apareçam repentinamente. A venda a descoberto ainda pode ser utilizada como mecanismo de proteção em operações de hedge e como forma de contrabalancear os resultados dos seus investimentos.
Já no que se refere a pontos negativos, o principal deles é o risco de prejuízo, que, na teoria, é ilimitado. Quando se compra uma ação, sua possibilidade de perda está limitada ao valor da compra, pois o ativo só pode se desvalorizar até zero.
Já no caso da venda a descoberto, como não há limite para a valorização do ativo, as perdas são ilimitadas. Por esse motivo, quem opera venda a descoberto precisa contar como uma gestão de risco refinada, com definições precisas de stop loss para frear possíveis perdas.
Outra desvantagem é a taxa de aluguel, que deverá ser paga independente do resultado da operação. Se a ação se valorizar ou permanecer estável após a venda a descoberto, o tomador precisará arcar com o prejuízo. Dessa forma, a venda a descoberto só é indicada quando o investidor tem fortes indícios de que o papel irá se desvalorizar.
Riscos de Venda a Descoberto
Apesar de se tratar de uma operação ilegal, quem pratica venda a descoberto corre o risco de sofrer um short squeeze. Isso quer dizer que quando grandes investidores percebem que um ativo conta com um grande número de doadores, eles compram os papéis para forçar o seu preço para cima e fazer com que os tomadores os recomprem para devolvê-los aos doadores, realizando prejuízo.
Além disso, como o investidor não precisa do dinheiro total para entrar nesse tipo de operação, necessitando somente do valor do aluguel, existe o risco de assumir uma posição grande demais em comparação a sua capacidade de assumir o prejuízo no caso de a tendência não se concretizar.
Devido a todos esses pontos de atenção, a venda a descoberto só é indicada para investidores experientes que tenham a capacidade de fazer avaliações precisas sobre os rumos do mercado. Ainda que não seja possível prever o futuro, se você pretende operar venda a descoberto, utilize todas as técnicas reconhecidas para conseguir se posicionar no momento certo. Bons investimentos!