O mês de março (encerramento do trimestre) será decisivo para o rumo do mercado em todos os sentidos.
Do lado gráfico, ao perder a faixa de 116 mil pontos, pela primeira vez desde o movimento de alta vindo de novembro, o Ibovespa engatilhou uma tendência de baixa no curtíssimo prazo e isso implica em mudar toda relação de como carregar as posições nesse tempo.
Com essa sinalização, para quem utiliza a análise técnica como referência de parciais e stop loss, o retorno para o último fundo perdido + uma reação negativa = oportunidade de zerar pelo menos 25% da posição se for a favor da tendência de curto prazo ou 50% se a entrada foi contra a tendência de curto prazo.
Está vendo no gráfico do Ibovespa as setas vermelhas na faixa de 116 mil pontos? Esse foi o ponto perdido que abriu caminho para a tendência de baixa no curtíssimo prazo e neste ponto que vale pensar na parcial. Agora faça o mesmo exercício com os papéis em sua carteira e procure pelo último fundo perdido + por onde passam as médias móveis exponenciais de 21 e 72 dias. Encontrou? Essa será sua referência.
Do lado do macro, o grande estresse político entre intervenções em diretorias de estatais e PEC Emergencial levou a curva de juros inclinar relembrando os picos da crise do COVID, não que a situação esteja melhor, na verdade muito longe disso vide que em São Paulo, por exemplo, está na Fase Vermelha e o Brasil batendo recordes de óbitos, mas estou falando aqui sobre o nível de precificação da Selic.
No pico de estresse de quarta (3), a curva colocava na conta uma probabilidade alta de aumento de 0,75 ponto percentual para a Selic na reunião de 16/17 de março, sendo que boa parte dos economistas acreditam em um aumento de 0,25 p.p ou os mais agressivos 0,50 p.p. Ou seja, uma gordura bem considerável do cenário-base.
Olhando o miolo da curva, para os vencimentos de 3 – 5 anos, o estresse foi tão grande que a projeção chegou marcar Selic em 8% em 2024, ao passo que o Boletim Focus a projeção está em 6%.
Todo o estresse dessa semana foi uma amostra que os investidores (pelo menos eu) estão verdadeiramente preocupados com o rumo do fiscal e qualquer sinalização de irresponsabilidade com as contas públicas, como foi especulado com o Bolsa Família fora do teto de gastos e relembrando os trevosos tempos da contabilidade criativa, será refletido diretamente em maior risco.
Se nada de bizarro nesse sentido acontecer, o mercado vai corrigir essa distorção momentânea do nível de risco, mas muito longe de olhar como caso solucionado, uma vez que a PEC Emergencial não está discutindo uma solução para o rombo fiscal, mas sim uma maneira de não aumentá-lo ainda mais vide as necessidades de estímulos de renda com a pandemia longe de acabar + ritmo lento de vacinação = perspectiva menor de crescimento.
Justamente pela menor perspectiva de crescimento e essa espada na cabeça que se chama fiscal, acredito em apenas uma acomodação do nível de risco depois de um exagero e não uma virada que resultaria em belíssima oportunidade de compra uma vez que o risco x retorno está muito atrativo.
Neste sentido, tivemos um bom nível de retorno (preço das ações) oferecido, com diversas empresas voltando aos níveis de meados do ano passado e múltiplos atrativos, tanto que aproveitamos para comprar — veja aqui –, mas com tantos problemas do lado macro e sem contrapartida aparente não acredito em um grande potencial de valorização. Por isso, não estou 100% alocado e comprei setor elétrico para rentabilizar minha carteira com dividendos e por ser um setor com beta baixo.
Para ficar 100% alocado diante desse cenário, que seria colocar ações com maior beta na carteira, será preciso um nível de retorno maior, pois, na minha visão, o risco ainda está muito alto e olhando o macro nada sugere uma melhora.